...Quero um pedacinho de tempo para poder descansar
esse peso do mundo que estou sentindo em meus ombros ...Um tempo onde não me perguntem nada, nem me peçam nada,
apenas me permitam o direito, de dar vazão ao pranto
que venho engolindo com o café-da-manhã de todos os dias ,
enquanto visto a máscara de
"olhem como sou valente e forte" ...
Quero ser a criança que pode chorar livremente
sob o beneplácito da manhã até que me ponham no colo,
restabelecendo assim, o equilíbrio
que necessito para dormir em paz.
Quero ser criança novamente e me esconder no vão da escada
para que todos me procurem e se preocupem comigo,
(ainda que ao me encontrarem, me ponham de castigo pela traquinagem) .
Quero ser adolescente despertando para o primeiro amor ...
Quero ser a pessoa que teme o amanhã, que se angustia
com aquilo que não ousou...
e se amedronta com o que há
ainda por realizar ...
Quero me aventurar na busca dos sonhos, sem ter que vê-los pintados
com as cores do desânimo,
ou coloridos com as cores do impossível...
e quero poder brincar com meus sonhos como se fossem massinha
de modelar ilusões ...
lambuzar neles meus dedos,
até decidir quando precisam se desfazer ...
Quero ter companheirismo também nas horas em que tudo
parece ter se perdido, e encontrar apenas um ombro onde possa
repousar meu cansaço, um ombro que seja tão somente silencioso
e impregnado de compreensão...
Quero deixar que me invada toda a dor do mundo neste instante,
porque ela é minha, é real e é unica,
e que como tal
seja aceita e compreendida ...
mesmo que eu não a aceite e não saiba lidar com ela ...
E quero poder dizer isso desse jeito:
- ESTÁ DOENDO, SIM !...
sem assustar ninguém, causando uma revolução tão grande que
meu mundo pareça ainda mais desabitado .
Daqui a pouco tudo vai parecer
diferente e novo, eu sei.
Vou secar os olhos e vou à luta outra vez
e da dor hei de ressurgir mais forte ... Porque sou noventa e nove porcento formação de matéria
que dificilmente se desintegra .
Então, por favor ...
Por um momento apenas ...
neste meu pequeno momento
mais que humano,
Neste meu miserável
um por cento de fragilidade,
me deixem ser igual a todo mundo
e simplesmente chorar ...
Autor Desconhecido
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