Introdução


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Melhor Maneira de se Tratar um Inimigo

Se o seu inimigo estiver com fome, dê-lhe algo para comer; se ele estiver com sede, dê-lhe um pouco de água. Assim, ele ficará arrependido do mal que fez a você; além disso, o Senhor dará a você a recompensa.
O soldado japonês típico da Segunda Guerra Mundial é lembrado por sua cruel insensibilidade para com o sofrimento humano. Como ex-prisioneiro, sei disso. Cheguei a compreender, entretanto, que esses homens foram vítimas do sistema satânico sob o qual serviam, pois eram tão indiferentes ao sofrimento de seus próprios feridos como o eram para com o dos inimigos.
Apesar dessa realidade, nem todos os soldados japoneses eram insensíveis. Recordo bem de uma vez em que, tarde da noite, um de nossos guardas foi na ponta dos pés até nossas barracas e cuidadosamente cobriu os presos que se haviam descoberto durante o sono. Também fiquei sabendo que o Tenente Tomibe Rokuro, que foi nosso comandante por algum tempo, chorou quando viu como a Kempeitai (polícia secreta) havia torturado alguns de nossos homens.
Houve também exemplos de compaixão revelados pelos aliados. Na Tailândia, onde minha esposa e eu trabalhamos como voluntários de 1990 a 1992, soubemos de um trem cheio de soldados britânicos que durante a Segunda Guerra foi desviado para outra linha férrea para uma espera demorada. Os britânicos ouviram os gemidos de japoneses feridos em um trem próximo. Alguns foram investigar e viram aqueles pobres homens num estado chocante de abandono. Sem dizer palavra, e sob protestos da guarda japonesa, os britânicos repartiram sua ração e a água, limparam e fizeram curativos nos ferimentos dos japoneses da melhor forma que puderam. Ao saírem, ouviram os agradecidos soldados inimigos dizendo: "Arigato" (muito obrigado).
Um oficial aliado que havia observado a cena criticou os bons samaritanos por terem "prestado ajuda e dado consolo ao inimigo". Fizeram-no recordar, entretanto, que o Bom Samaritano original ajudara um inimigo e,assim, por que não poderiam eles fazer a mesma coisa?

Bondade Para com Estranhos
Se o estrangeiro peregrinar na vossa terra, não o oprimireis. Como o natural será entre vós o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos.

Era domingo à noite, 29 de dezembro de 1946. A primeira edição do jornal Miami Herald havia acabado de ir para a impressão. Timothy Sullivan, redator, preparava-se para ir para casa e ter uma bem-merecida noite de descanso, quando seu telefone tocou e uma voz de mulher começou a implorar:
- Por favor, me ajude! Meu marido está tendo uma hemorragia e vai morrer!
O moribundo era Rudy Kovarik, do Estado de Michigan. Ele e sua esposa estavam de férias na Flórida, quando a úlcera do estômago dele começou a sangrar e ele foi levado às pressas para o Hospital Biscayne. Uma úlcera sangrando não é necessariamente uma ameaça à vida. A situação, no entanto, era crítica porque o tipo de sangue de Kovarik era raro, AB com RH negativo, e não estava sendo encontrado em toda a região. A menos que um doador com aquele tipo de sangue fosse localizado em pouco tempo, os médicos temiam que Kovarik não amanhecesse vivo.
O que poderia fazer um redator de jornal? Um homem estava morrendo. Sullivan teve uma idéia. Telefonou para a emissora de rádio WCBS, alguns quarteirões adiante, e pediu para falar com o locutor Walter Winchell, que devia ir ao ar dentro de minutos com o noticiário. Relutantemente, o telefonista permitiu que Sullivan falasse com Winchell. Dentro de poucos minutos, Winchell irradiou a notícia acerca de Kovarik, dando o nome do paciente e os números do telefone do hospital, do posto policial e do escritório do redator do Miami Herald.
Dentro de minutos, esses telefones ficaram congestionados com ligações vindas de todo o país, oferecendo doações de sangue. Um dos oferecimentos veio de um soldado que estava de licença, hospedado num hotel a uns dois quarteirões do hospital. Dentro de minutos, o sangue transportador de vida fluía para dentro das veias do debilitado paciente. A vida de Kovarik foi salva. Algumas semanas mais tarde, Sullivan obteve a recompensa quando o agora restabelecido Kovarik entrou em seu escritório para expressar-lhe gratidão, não mais como um estranho, mas como amigo.
Às vezes somos recompensados nesta vida por demonstrar bondade, mas não contemos com isso. Sejamos bondosos para com os outros, não porque pode aparecer alguma recompensa, mas porque o amor de Cristo nos constrange a fazer o bem.

Nobre Vingança
Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem, entre vós, e para com todos.

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