Introdução


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Entenda a origem da insegurança feminina e do desapego masculino

                                          
Apesar dos novos tempos e de tanto se falar na anulação das diferenças entre os sexos, percebemos que as mulheres continuam sonhando com o príncipe encantado. Parece anacrônico, mas basta olhar para o universo sem fim das revistas femininas que ensinam técnicas (infalíveis) de se conquistar o "homem dos sonhos" para enxergarmos tal realidade.As estratégias vão desde o lingerie até obotox, passando pelas fórmulas mágicas de emagrecimento e pela escova marroquina ou de chocolate (ou seria de banana?). São infindáveis as dicas de beleza e sexo, e tudo acaba orbitando, direta ou indiretamente, em torno da necessidade de se arrebatar o coração masculino.

Com a ajuda de conceitos psicanalíticos, podemos descobrir questões interessantes nos comportamentos femininos e masculinos quando se trata de amar. Sigmund Freud considerava que a sexualidade originada na infância, por exemplo, é um rascunho da sexualidade que se desenvolverá na idade adulta. Olhando para as bases infantis dos sujeitos, Freud nos mostra que existem posições psíquicas masculinas e femininas, independente do sexo do indivíduo. Ou seja, pode haver um corpo de mulher com resquícios de uma psique masculina e vice-versa. O criador da psicanálise nos revela, assim, que a psique está muito além da anatomia dos sexos.
Não há nada mais feminino do que o medo de perder o amor ou de deixar de ser amada. Costumo dizer que a diferença mais gritante entre os modos feminino e masculino de amar é o fato de a mulher amar exagerando os sentimentos e o fascínio pelo objeto de seu amor. Em outras palavras, a mulher romantiza a relação em todos os seus detalhes. Enquanto prazer sexual e afetoconvergem na cabeça da mulher, o homem constrói duas mulheres distintas: a que ele ama e a que ele deseja sexualmente.
As marcas históricas desse comportamento estão em nossas antecessoras, que "aceitavam" a natureza dos homens e eram educadas para ignorar as amantes ou prostitutas, pois, desta forma, viam seu lugar de esposa garantido e preservado. Eis aqui um grande nó que as mulheres de hoje tentam desatar: não entendem porque os homens precisariam de outra mulher uma vez que a esposa assume o papel de mãe, amante, intelectual e dona de casa. Cá entre nós, diante de mulheres tão completas, de que precisariam os homens?Freud escreveu que, acima de tudo, a mulher deseja ser amada. Podemos dizer, como vocês possivelmente conhecem, que a mulher ama com os ouvidos. Ela pergunta constantemente ao homem se ele a ama. Ela persegue incansavelmente a confissão do amor e insiste para que o parceiro dê a resposta afirmativa. Mesmo quando o amado atende ao chamado, corresponde as expectativas e se casa, ainda há a necessidade de saber se será para sempre. As garantias de amor eterno que a mulher necessita do homem são semelhantes as do amor incondicional materno. Não voltam.
 Insatisfação
Na impossibilidade de acreditar na resposta do homem, a mulher cria em seu imaginário a situação de uma "outra", uma concorrente, uma mulher que saberia despertar o desejo de seu homem. Ela começa a sentir inveja dessa pessoa que sabe expressar sua feminilidade corporal e, por isso, o ciúme muitas vezes é delirante. O que essa outra tem que eu não tenho? Tal questionamento pode ser observado em vários tipos de mulher
Mas atenção: trata-se de uma criação, de uma rival imaginária. E haja sofrimento.

Se amamos de forma feminina, sabemos que nas rodas de mulheres a conversa gira, basicamente, entorno de uma mesma questão: será que ele me ama? Uma boa amiga responderá que sim, ainda que no íntimo cobice a possibilidade de sucesso da outra. É uma verdadeira loucura sentimental. Não é a toa que Freud escreveu que a insatisfação é uma grande característica da mulher.
Sabemos que o homem é muito atraído por aquilo que considera belo, ou seja, pela chamada beleza da mulher. Suas emoções estão fundamentalmente ligadas ao visual.

Não vivemos uma guerra, uma aposta, uma luta. A relação entre homens e mulheres, entre psiques femininas e masculinas, é conflitante e também muito gratificante em todos os sentidos. Acho muito oportuno o aforismo de Aristóteles para quem o melhor caminho do amor conjugal é a amizade. Por meio dela e do entendimento das idiossincrasias de mulheres e homens torna-se possível suportar as diferenças e as faltas. Somente assim se pode construir uma troca real.A aceitação e a compreensão dessas diferenças é o que chamamos amor. Não falo do amor integralizado da mulher e que muitas vezes dá impressão de obsessão e loucura. Não falo do amor fracionado do homem que pode levar ao fetichismo. Falo do amor que se pauta na compreensão de que cada um de nós o enxerga de forma desigual e nem por isso ama mais ou menos.

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