Introdução


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Lentes desajustadas

Era um enorme pavilhão e o evento transcorria com tranquilidade.

A instituição responsável por sua realização, desde há meses, o planejara e iniciara os preparativos, a fim de que tudo pudesse ocorrer em clima de alegria.

Para a recepção foram destacados voluntários jovens, que recebiam os participantes com sorrisos, entregando em mãos uma mensagem de otimismo e a programação, em impressos de rica apresentação.

Para garantir a segurança do público, uma equipe de voluntários maduros e experientes, igualmente dispostos a servir.

No espaço amplo, com música ambiente, se espalhavam estandes com produtos doutrinários para demonstração, prateleiras com livros, CDs e DVDs para manuseio e aquisição.

Na praça de alimentação, mesas bem postas, pessoas sorridentes e rápidas no atendimento gentil.

Pelos corredores, banners informativos, avisos, sinalização adequada de pontos estratégicos das saídas de emergência e outros serviços.

No auditório, cadeiras alinhadas, uma grande mesa para as autoridades e oradores convidados que iriam se revezar nas palestras e seminários.

Cada detalhe pensado, atendido. Tudo para o conforto dos participantes que por ali estariam circulando durante três dias.

Orquestra, primeira conferência, aplausos, emoção, sorrisos.

Então, alguém encontrou um casal amigo, foi-lhe ao encontro, sorridente, pronto para um abraço.

E a pergunta surgiu: E aí, estão gostando?

Para surpresa de quem formulara a questão, a resposta da senhora foi desconcertante:

Mais ou menos.

Ora, por quê? Tornou a perguntar o primeiro, não se deixando contaminar pelo mau humor da senhora que apontou um senão que observara.

Um item, um único item que ela reputava imprescindível e não fora atendido. E descarregou seu descontentamento, em longas e amargas considerações.

* * *

Assim ocorre em muitas ocasiões com pessoas que têm olhos críticos em demasia. São pessoas que somente conseguem ver os pequenos equívocos, descobrir as falhas.

Pessoas irritadiças, sempre descontentes. As lentes dos seus olhos estão assestadas para perceber o que faltou, o que foi esquecido.

Não se permitem essas criaturas usufruir o belo, o bem, o bom, as bênçãos.

São pessoas que andam pelas praças perfumadas, verdejantes, cheias de sol, mas somente conseguem ver o galho quebrado de velha árvore.

Pessoas que vão assistir a um espetáculo de dança, a um concerto e ficam a criticar detalhes de somenos importância, em vez de se deixarem envolver pelo clima da magia da arte.

Pessoas infelizes. Pessoas amargas, que acabam afastando amigos, colegas e se tornam solitárias.

Pensemos nisso e verifiquemos se não estamos nesse triste caminho de quem não consegue descobrir a poesia na paisagem de luz, a música nos sons da natureza e a sinfonia da vida, executada magistralmente pelo Excelso Maestro chamado Deus.

Autor:
Redação do Momento Espírita.

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