Introdução


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Saudade...


A saudade é o revés de um adeus. Você já teve saudade? Concordarei se você me disser que a saudade eterniza o que foi naquilo que agora é. A saudade é um parto às avessas, é o permanente lançamento de bumerangues ao vento. O que foi, volta. E volta sempre. E está sempre à mão ou aos olhos, retina que capta e eterniza aquilo que será, doravante, para sempre. Me disseram que a saudade é a resultante de uma vida vivida com pouca intensidade. Quem disse isso é porque não viveu suficientemente bem e intensamente. A saudade parece abrigar dentro de nós mesmos não exatamente o outro ou os outros, mas, sim, é um abraço aconchegante que damos em nós mesmos, em nossas próprias memórias, em nossas imagens eternizadas pelo tempo. Não se vive de saudade. Vive-se com saudade, e isso é uma das tantas coisas que nos tornam humanos, profundamente humanos. Somente nós somos capazes de sentir saudade e dela termos consciência e a reelaborarmos de tantos modos: nas fotografias, nas imagens guardadas, nos objetos quase sagrados que ele (a) deixou conosco um dia, nos penduricalhos nas paredes ou nos arranjos às mesas e cômodas num canto. Um café na varanda é o suficiente para que o vento da saudade nos balance, vez por outra. Dá saudade dos gostos experimentados e não experimentados. Das vozes ouvidas e das vozes caladas. Dos risos abertos e do choro incontido. Tudo clama, em nossa memória, chamando-nos a atenção para o valor de momentos idos. A saudade não deveria ser algo melancólico. Deveria ser um acariciar do tempo em nós próprios, fazendo-nos parar em nossa correria tão ávida de tudo e contemplar, apenas contemplar aquilo que foi, um dia, a razão de tudo. Ainda que nossas vidas sejam tão cheias de inúmeras razões de muitos "tudo". Olha, quero te deixar, amigo (a), um profundo e saudoso abraço. Na alegria de tê-lo (a) encontrado pelos meus caminhos e andanças. Por falar nisso, ando com saudade de você. Fique com Deus. Que Ele te carregue, na minha presença e nas minhas ausências.

Prof. Onofre Guilherme S. Filho PUC Goiás onofre@pucgoias.edu.br

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