Passamos por diferentes fases na vida e muitas vezes imaginamos que
certas passagens e alguns acontecimentos não deveriam ter ocorrido ou
simplesmente não tiveram nenhum valor em nossa existência. Pois bem,
enganam-se aqueles que pensam que na vida o acaso é apenas um fato
corriqueiro.
O acaso não existe porque tudo que acontece em nossa vida tem um
propósito por pior ou melhor que sejam os acontecimentos. Existe uma
força que une tudo e todos e desta forma a conexão espiritual entre as
fases e passagens que vivemos mostram ao longo do tempo que os fatos
acontecem com um propósito e feliz de quem atingiu uma maturidade para
sentir esta energia e afirmar com veemência que nada ocorre por acaso
porque existe um propósito (finalidade) para tudo que há no Universo.
Neste assunto existe uma peça fundamental que todos os homens livres
possuem e que se chama livre arbítrio. Esta “ferramenta” nos torna seres
com alto poder de decisão e muitas vezes nossas atitudes acabam nos
desviando “temporariamente” de nosso destino, mas nunca de forma
definitiva e sim de forma que os acontecimentos acabam por tomar uma
outra trajetória, algumas vezes de uma maneira menos agradável. Quando
isso ocorre acabam surgindo em nossa existência momentos de confusão e
indecisão, como conseqüência da presunção de incompatibilidade entre o
princípio do livre-arbítrio e o determinismo da casualidade. Somente o
determinismo “causalista” é que contraria o livre-arbítrio.
Uma vez ocorrida à causa, ela não muda mais os acontecimentos; tudo
deve ocorrer conforme ela determina. Isso exclui a possibilidade da
intervenção do livre-arbítrio. O efeito acaba sendo inexorável.
Desta forma, muitos eliminam a responsabilidade humana por suas ações ou
omissões e acabam culpando o “destino” pelas suas atitudes. Desse modo
tudo que ocorre de errado na vida humana; o determinismo inconsciente
acaba isentando o homem de responsabilidade pelo que fizer de errado,
pois ele é vítima das pulsões inconscientes. Por isso, é conhecido
também em filosofia por determinismo absoluto.
Um fato acontecido comigo há 13 anos atrás e que me chamou muito a
atenção, quando vi uma matéria jornalística na televisão onde um
Promotor Público estava combatendo uma série de crimes ambientais e pelo
fato ali relatado, imediatamente resolvi definir o trabalho científico
que faria no Mestrado que estava iniciando naquela época. Agora neste
mês de outubro de 2006, quando menos espero, sou convidado a atuar como
palestrante e perito científico junto ao Ministério Público do Estado de
São Paulo, com o intuito de auxiliar na busca de soluções para graves
problemas ambientais justamente ligados aqueles fatos ocorridos há
muitos anos atrás e justamente quem estava à frente dos trabalhos e
tentando resolver os problemas ambientais era o próprio Promotor Público
que, de forma anônima, a mais de uma década atrás acabou me
incentivando a realizar o Mestrado naquela área específica. Vejam que
exemplo claro de que as coisas não ocorrem por acaso.
A vida de cada um apresenta uma finalidade a ser atingida. O homem
tem o livre-arbítrio para cumpri-la ou não, mas deverá responder pelo
que fizer de errado ou deixar de fazer certo. Como diria Luiz Manfredini
na obra Prisioneiro do Acaso “Trata-se, enfim, de verdade terminante: o
acaso não raro me surpreende e aprisiona”. É assim, a coisa. Uma
condenação perpétua.
O autor é professor na Unioeste-PR
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